Doenças Inflamatórias Intestinais (DII): Compreendendo e Gerenciando a Inflamação Intestinal
As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), que incluem a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa, são condições crônicas e autoimunes que causam inflamação persistente no trato digestivo. Elas não são causadas por infecções (como as doenças infecciosas intestinais), mas sim por uma disfunção do sistema imunológico que ataca o próprio intestino. A inflamação pode ocorrer em qualquer parte do trato digestivo na Doença de Crohn, enquanto na Retocolite Ulcerativa, ela se restringe ao cólon e reto.
Por Que as DII são uma Preocupação?
As DII impactam significativamente a qualidade de vida e a saúde geral devido aos seus sintomas e possíveis complicações:
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Sintomas Crônicos e Recorrentes: Os mais comuns incluem dor abdominal, diarreia persistente (muitas vezes com sangue ou muco), perda de peso inexplicável, fadiga intensa, febre e anemia. Os sintomas variam em intensidade e podem alternar entre períodos de crise (quando a doença está ativa) e remissão (quando os sintomas diminuem ou desaparecem).
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Complicações Nutricionais e Sistêmicas: A inflamação crônica e a má absorção podem levar a deficiências nutricionais (vitaminas, minerais), desnutrição e crescimento comprometido em crianças. Além dos impactos no intestino, as DII podem afetar outras partes do corpo, causando problemas nas articulações, pele, olhos e fígado.
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Impacto na Qualidade de Vida: As DII podem limitar atividades diárias, profissionais e sociais, gerando estresse e ansiedade. O manejo da condição requer um acompanhamento contínuo e um plano de tratamento multidisciplinar.
Identificando as DII: O Diagnóstico
O diagnóstico das DII envolve uma combinação de avaliações clínicas, exames laboratoriais e procedimentos de imagem:
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Histórico Clínico e Exame Físico: Avaliação dos sintomas, frequência e intensidade, além de um exame físico completo.
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Exames de Sangue e Fezes: Podem indicar inflamação, anemia, deficiências nutricionais e excluir outras causas (como infecções). Marcadores inflamatórios específicos, como Proteína C-Reativa (PCR) e Calprotectina Fecal, são frequentemente utilizados.
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Endoscopia e Colonoscopia com Biópsia: Essenciais para visualizar diretamente a mucosa intestinal, identificar a inflamação, úlceras e estreitamentos, e coletar amostras de tecido para confirmação diagnóstica.
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Exames de Imagem: Tomografia Computadorizada (TC), Ressonância Magnética (RM) do abdome e Enterografia por RM podem ajudar a avaliar a extensão da inflamação e a presença de complicações (como fístulas ou estenoses).
O Tratamento: Abordagem Multidisciplinar e Gestão da Dieta
O manejo das DII é complexo e visa controlar a inflamação, aliviar os sintomas, prevenir as crises e melhorar a qualidade de vida. Não há cura, mas o tratamento adequado permite longos períodos de remissão:
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Medicamentos: Incluem anti-inflamatórios (como mesalazina), imunossupressores, corticosteroides e, mais recentemente, terapias biológicas, que agem modulando a resposta imune.
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Modificação da Dieta: A alimentação é um pilar fundamental. Não existe uma "dieta universal" para DII, mas um plano alimentar individualizado, ajustado à fase da doença (crise ou remissão) e aos gatilhos pessoais, é crucial. Em geral, recomenda-se:
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Períodos de Crise: Foco em alimentos de fácil digestão, com baixo teor de fibras insolúveis, e exclusão de alimentos irritantes (picantes, gordurosos, com lactos ou glúten, se forem gatilhos).
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Períodos de Remissão: Reintrodução gradual de alimentos para garantir nutrição adequada, priorizando alimentos nutritivos e que não desencadeiem sintomas.
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Suplementação: Muitas vezes necessária para corrigir deficiências nutricionais (ferro, B12, vitamina D, cálcio, etc.).
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Cirurgia: Pode ser necessária em casos de complicações graves, como obstruções, fístulas ou quando o tratamento medicamentoso não é eficaz.
Com um diagnóstico preciso e o acompanhamento contínuo de uma equipe multidisciplinar (gastroenterologista, nutricionista, psicólogo), é possível gerenciar as DII de forma eficaz, permitindo uma vida mais plena e com menor impacto dos sintomas.
